O REPLICADOR

Maio 21 2011

 

 

 

Qual é o problema do liberalismo? Todos os liberais sabem qual é, todos conjecturam sobre a solução mas muito poucos fazem algo por isso.

 

Na língua inglesa roubaram-nos a palavra liberal. Hoje quem vai a uma livraria pode comprar “a consciência de um liberal” por Paul Krugman e, com um pouco de sorte, percebe que não era nada daquilo que procurava. Nos EUA os liberais são os democratas, aqueles que promovem educação gratuita e saúde gratuita, ou pelo menos é assim que os americanos compram as palavras porque esses serviços saem à custa do empobrecimento geral (não falo estatisticamente, tanto os ricos empobrecem quanto os pobres). O liberal, dito libertário, está dentro do partido republicano, onde o chamam de conservador e o confundem, como seria de esperar, com senhores anafados veteranos de guerra, católicos ou derivados, que não querem direitos para ninguém que não se transforme numa lagosta no verão.

 

Mas não há problema, arranjou-se uma palavrinha fantástica para nos distinguir: neoliberal. Os portugueses já ouviram esta palavra proferida em todo o espectro político português (começando na direita de esquerda PSD, passando pela esquerda de esquerda PS, até à esquerda dos unicórnios cor-de-rosa BE e PCP, passando pelo senhor dos submarinos do PP, ou como todos querem lembrá-lo), mais ou menos da mesma forma que se falaria de um leproso na idade média. Os neoliberais são supostamente empresários vis e violadores de extrema-direita que querem banir os direitos de todas as pessoas, tirar a saúde e a educação dos doentes e das crianças e escravizar todos os pobres ao (recorrendo a um dos termos do Jerónimo de Sousa que mais me enternece) “Grande Capital”.

 

Sim, curiosamente segundo a opinião geral, ser liberal é ser neoliberal, ser neoliberal é ser fascista. O que faz todo o sentido porque nós como liberais queremos abolir a maioria das funções de estado (senão todas) e como tal seremos os grandes ditadores totalitários que tudo controlam… errrr… esperem, se calhar não pensaram bem nisto.

 

Pronto, o problema está diagnosticado: os políticos profissionais (incluindo aqui todas as criaturas que trabalham para a máquina de marketing estatal, comentadores, promotores de privilégios especiais e os tão enganados sindicatos) conseguiram convencer a opinião geral de que os liberais são contra o alargamento dos direitos sociais (tenho tanto medo de dizer esta palavra mas que fique explícito que me refiro ao casamento homossexual, aborto e outras questões que são na realidade leis que neste momento restringem os tais direitos) e que querem retirar as regalias do estado social (nesta parte estão certos),sendo que sem elas todos nós iremos ficar mais pobres, doentes e sem emprego (nesta parte não).

 

A solução? Mises escreveu que a grande arma do liberal é a caneta e a argumentação. Que a missão do liberal é a de elucidar os desinformados e iludidos pela “máquina”.

… estamos lixados…

Como é que vamos competir com discursos aborrecidos contra os slogans apelativos, videoclips coloridos e filmes que jorram continuamente de todos os poros da sociedade cheios de mensagens anti-liberais? Mises escreveu muitos livros bonitos, até vou com a cara dele, parece um avô muito simpático, mas nesta ele meteu o pé na poça, encharcou-se todo e pegou uma pneumonia multi-resistente ao liberalismo.

 

Há quem já tome uma nova abordagem, o “econstories” já fez muito pela nossa causa com dois videoclips que deram a conhecer as falácias de Keynes a mais pessoas que Hazlitt (embora provavelmente nenhum dos dois as tenha convencido todas). E como este há muitos mais exemplos.

 

Está no entanto na hora de ter uma nova abordagem ao liberalismo e infelizmente esta é uma abordagem que prima pelo ataque: a promoção do roubo como moralmente reprovável. Provavelmente todos os não liberais falharam na compreensão desta frase enquanto os outros a entenderam perfeitamente. Mas todos os dias quando vamos pôr gasolina dizemos que fomos roubados. Cada vez que pagamos IRS, imposto de circulação, IVA, IRC, PEC, foi um assalto.

 

Impostos são UM ROUBO.

 

Não interessa a quem, o imposto é um roubo, independentemente do que se vai fazer com o dinheiro. O detentor dos bens não consente de livre vontade e o estado utiliza a sua máquina repressora para expropriá-lo. É mais justo que o governo taxe o milionário numa fatia exorbitante do seu lucro do que quando cobra ao pobre pela fruta que comprou que teve que passar pela alfândega (supostamente para proteger os produtores portugueses) e IVA, saindo ao dobro do preço? Não, é errado em ambos os casos.

 

E, para quem já não se lembra, ROUBAR É MAU.

 

E se o governo quer redistribuir o que for, que cada um tenha o poder de decidir se quer voluntariamente entrar neste esquema ponzi (que curiosamente é proibido por lei, que irónico).

 

Está na hora de desmascarar os socialistas como os ladrões que são. Eles não advogam direitos para ninguém, advogam o direito do estado poder fazer com as pessoas o que quiser, dando-lhes através da democracia a impressão de que são elas a mandar. Para isso não basta o poder da palavra, apenas a verdade. Mas a verdade não tem que ser transmitida apenas em textos como este. A verdade está por exemplo no Robin dos Bosques, que não roubava aos ricos para dar aos pobres mas que roubava os impostos de volta aos homens e mulheres que haviam sido assaltados. A verdade está em slogans, em letras garrafais nas paredes das finanças, “este dinheiro é nosso, devolvam-no”. A verdade está em clips do youtube, no “compro o que é melhor e mais barato”, no “estou farto deste assalto, vou fugir para Singapura” e “Os sindicatos querem sugar o dinheiro aos trabalhadores privados que realmente trabalham para os públicos que só querem emprego”.

 

Vamos dizer a verdade e libertar as energias de Portugal deste socialismo.


Maio 16 2011

Às vezes ‘gosto’ de ir a jornais online portugueses ler os comentários a certas notícias, nomeadamente referentes à ‘economia’ do país com muitos nomes giros como IVA, taxas de tudo e mais alguma coisa, desemprego, subsídios, estado social, etc etc.

 

Chego mais uma vez à conclusão que o bom português se encontra extremamente dependente do seu compincha Estado, um português desorientado que tem de fazer contas à vida porque lhe tiram o rendimento social de inserção, um português invejoso dos ‘grandes ricos’, um português cego, que insiste votar naquele que lhe garante o dinheiro fácil que lhe cai nos bolsos ao fim do mês. Acima de tudo um português que aplica o que experiencia na sua pele e/ou do que ouviu falar o vizinho, achando que sabe tudo o que há para saber, disparando postas de pescada a uma velocidade estonteante. Aliás os mais ‘perigosos’ são precisamente aqueles que por lerem um livro de uma ideologia qualquer assumem logo que são uns iluminados.


Ora nisto o político se quer ser eleito tem que obrigatoriamente adoçar as suas palavras, usar uma retórica muitas vezes inflamada cheia de gritos e acusações a outros políticos (porque passar a batata quente é muito fácil). Não existe um único político a meu ver que ofereça a verdade como ela é; estamos todos num pardieiro com bosta até à cintura, e todos oferecem uma mansão de 17 quartos e piscina.


Só posso conjecturar mas possivelmente se houvesse neste momento um político português com ideias liberais a sério (não aquele liberal que pensa que Keynes se encaixa nesta categoria) que se dedicasse exclusivamente a dizer a verdade, a defender a propriedade, a propor a abolição do estado social, dos impostos, da intervenção do estado nos mercados, etc etc, não teria êxito nenhum. Não é isso que as pessoas querem ouvir, e em boa verdade todos querem uma realidade segura, estável e não uma em que tenham que fazer sacrifícios e assumir riscos. Muitos desejam um ‘nanny state’ e o liberalismo é precisamente o contrário; é aquele que nos incita a sermos empreendedores e autónomos, os senhores do nosso destino, dito de uma maneira mais poética.

 

Entretanto lá continuamos com esta palhaçada a que chamam eleições, onde os candidatos são extremamente simpáticos, distribuem beijinhos e abraços, fazem promessas fantasiosas como aumentar o salário mínimo nacional e acabar com a recessão entre outras propostas igualmente sonantes ao ouvido do eleitor.


 A sério Portugal? Vamos continuar a insistir sempre nos mesmos cavalos?


Fevereiro 06 2010

É por oportunidades destas que um bloguista se sente impulsionado a continuar o seu trabalho! Parece que o meu último texto causou muito furor. Tanto que recebi três comentários de gratos leitores e que mereciam mais que uma resposta, mereciam um artigo integral:


Caro Tiago,

Curioso ver que no seu comentário não comenta a absorção de quase 50% do PIB pelo estado. Certamente que se este não cortasse o salário dos trabalhadores em dois seria mais simples ter poder de compra sem aumentar os fardos aos empresários, não? Também acho curioso que um empresário se veja face a enormes conflitos laborais para despedir um trabalhador ineficaz, reforça a noção numa empresa que não vale a pena trabalhar. O que um jovem da jcp percebe, ao contrário de mim que por sinal nem repito os 80% de esquerdistas e sindicalistas (sim, vós sois a mainstream, conformai-vos) é que se aumentarem os salários tudo melhora com o poder de compra. Mas os salários vêm da produtividade e sem esta aumentar então de onde virá o dinheiro?
-Imprime-se e criamos o Novo Zimbabwe?
-Roubamos aos empresários para eles não se interessarem em investir? Rapidamente deixará de ter um computador em que desenhar propostas-lei para salvaguardar os direitos dos trabalhadores e dos parasitas.
--Sim, roubar. Cobrar algum imposto para manutenção e o bem comum é aceitável, cobrar impostos aos ricos (a maioria dos quais trabalhou bastante para lá chegar) para dar aos pobres (a maioria dos quais se enterrou por políticas socialistas) é roubo legitimado por colarinho branco.

Será também importante realçar, e se quiser mais informação oiça atentamente o clip do youtube do mises institute uns posts abaixo deste, que no tempo em que não haviam máquinas para produzir mais havia, obviamente, menos e como tal era tudo mais caro. Se não havia incenso e especiarias para dividir por todos então nem todos podem ter, já pensou nisso? E já pensou que é preciso trabalhar para tudo ser produzido e para comprar tudo? Um emprego não tem um valor nato, tem o valor do que essa posição produz na sociedade. Se um homem produz uma música que é útil a milhões de pessoas acha mesmo que tem interesse em fazê-la para após colecta ganhar o mesmo que um homem que cola selos para as cartas seguirem no correio?

Por último, tenho que lhe apresentar a cruel realidade, a máquina de tachos é pública, é o estado. Porquê? Porque um empresário muito raramente põe numa posição da sua empresa alguém incapaz de colmatar ou exceder a demanda da mesma. E não mude de uma linguagem cordial para o "tu" no meio de um comentário, fá-lo parecer inapto com uma das grandes artes: a língua portuguesa.

Caro(a) Figueira,

Em primeiro peço imensa desculpa por não averiguar o seu género, dormi pouco e não estou com vontade de seguir links de momento para procurar a resposta à minha dúvida. Faço minhas as palavras do Filipe:

“[…]segundo instituições internacionais como a OCDE ou a Heritage Foundation, tem um dos códigos laborais mais rígidos do MUNDO (não apenas da Europa).”
“Em relação ao ordenado mínimo, saiba que países como a Alemanha não têm ordenado mínimo e não precisam dele para terem um bom nível de vida, porque ao contrário do que o esquerdismo que advoga gosta de fazer querer, os ordenados não sobem por decreto de lei, sobem sim pela criação de valor acrescentado.”

…e ponho aqui algumas das dirigidas ao Tiago. É verdade, trabalhar num posto de baixa qualificação é constrangedor, árduo, cansativo e a paga não é muito boa. Pior ainda é o investimento andar tão por baixo que não existam trabalhos de maior qualificação que permitam a uma pessoa encarar esses empregos de baixo ordenado como um comboio de passagem para uma posição melhor. Mas deixemo-nos de fantasias porque é verdade, não podemos pensar só no que poderia ser mas no que é neste momento. É uma pena que passar compras no lidl ou no continente seja um trabalho de ordenado baixo mas sejamos sensatos, qual é a preparação necessária para o executar? E qual é o grau de produtividade de uma caixa do lidl? Comparativamente à quantidade de stock (pessoas) para libertar, cada caixa despacha bastante devagar. Se calhar se só fossem precisas 3 pessoas nas caixas do hipermercado e fizessem o mesmo que as 15 ou 20 fazem neste momento, essas 3 fossem mais bem pagas, aí está, devido à sua produtividade. Encare como queira, as posições mais produtivas e com mais responsabilidade serão sempre melhor remuneradas, seja num regime liberal ou comunista. Parece um contra-senso mas imagine que obriga um cirurgião a reparar uma aorta a 50€ à hora. Sabe o que vai ouvir? Vai ouvir "não". Se aniquilar as diferenças de ordenado vai deitar por terra as diferenças de qualificação.

Mais uma vez, caro Tiago,

Um homem (ou mulher) tem direito à liberdade e à oportunidade de ser alguém. Pergunto-lhe desde quando isso passa por ter o resto da sociedade a limpar-lhe o rabo do berço à cova. Enxergue a falta de responsabilidade da população em geral por favor.
A cartelização e monopólio é consequência das leis estatais que impedem a concorrência livre. Se as empresas monopolistas se vissem face aos monstros estrangeiros talvez oferecessem negócios mais atractivos.

O Tiago fala na poupança das empresas para pagar salários maiores aos trabalhadores. Eu sou contra isso, os salários são proporcionais à produtividade e, fora ajustes inflacionários, devem ser alterados quando essa mesma produtividade sobe...ou desce. E os 25€ talvez sejam melhor empregues nas mãos do empresário porque este tem um poder que o cidadão comum está quase proibido pelo estado de ter: o de investir e criar emprego.


Mas quem sou eu, que sei eu. Sou só um estudante do ensino superior que vive nos subúrbios de Portugal e tem muita gente chegada a deparar-se com as crises de empregabilidade em Portugal e os fenómenos ocultos de gestão pública. Peço-lhe fervorosamente que não subestime a minha experiência com o sistema porque o que divulgo é a ponta do icebergue.

PS: Adorei a flor, alegrou-me o dia!


Fevereiro 05 2010

Parece que o cancro da má economia deu mais um passo ontem. Segundo o que li nesta notícia um senhor baixo, gordo e de bigode farfalhudo virou as atenções dos monstros do capital para Portugal, uma presa fácil. Pouco mais se pode adiantar daquela notícia senão o agravamento dos empréstimos ao estado e eventualmente a sua repercussão nos investidores lusos.

Claro que a questão essencial não deveria ser “o que fizemos para merecer isto” mas sim “porque um comentário do comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros consegue precipitar a bolsa na maior queda desde a falência do Lehman Brothers”. A resposta é uma economia cujo crescimento é apenas visível à lupa e com a flexibilidade da mentalidade de um jovem da jcp. E isso é a consequência natural de uma terra com
- impostos altos
- mão-de-obra cara e inflexível
- conflitos judiciais que demoram anos a resolver
- infra-estruturas de mobilidade todas ao contrário (entretanto também parece que decidiram que o TGV só vai transportar passageiros o que faz todo o sentido até porque não existem mercadorias para exportar)
- competitividade forjada mediante subsídios que abrangem desde o “incentivo ao investimento” até ao “porque sim”.

Talvez se este fosse um país que seguisse as cartas da Maya a sorte nos fosse mais favorável, porque toda a gente sabe que os pontos que enumerei são apenas consequência do destino e de uma força incompreensível. Ou pelo menos é o que José Sócrates e Teixeira dos Santos andam a pregar pelos microfones.
Talvez esteja mas é na hora de jogar com o que sabem que é “países com leis simples, liberdade e baixos impostos atraem investimento” e parar de tentar resolver os sintomas em vez da doença. Estão a tentar baixar a febre de um doente com malária com ben-u-ron e não é preciso ser médico para saber que isso não serve para nada…

 


Novembro 21 2009

Ontem contei a uns amigos a história de como o Bill Gates perderia dinheiro se se baixasse para apanhar uma nota de 100$ (já que ele ganha 150 ao segundo). A resposta que tive não foi a esperada (porque eu ainda sou inocente), em vez de um sorriso cordial ou ar incrédulo escutei surpreso um grande "o dinheiro está muito mal distribuído". Entretanto como a análise disto é equivalente à d"O Cristiano Ronaldo ganha demasiado dinheiro e mal sabe ler e escrever", vou (novamente) aderessar os dois problemas em conjunto.


Fora possíveis métodos menos aceitáveis (como comprar constantemente a concorrência), o Bill Gates alguma vez foi a vossa casa levar o dinheiro que têm no cofre? Não? E o Ronaldo? E da mesma forma que não pagaríamos para ver o Gates a dar uns toques na bola, ninguém o faria para ver o Ronaldo a cantar a tabuada ou o contrataria para escrever cartas, fazer actas ou o relatório de contas e o IRS. Mas a maior parte das pessoas é obcecadíssima com o seu Microsoft Windows (algumas ao ponto de nem saberem que um computador pode correr sem ele, com sistemas operativos da concorrência, e há muitos) e por pior que digam do metrosexual alfa do Real Madrid, deleitam-se com as suas fintas no relvado. Todos pagam para isso e depois o dinheiro está mal distribuido? As únicas três linhas de raciocínio possíveis a partir daqui seriam:


-Queremos parte do dinheiro de volta, o que se traduz num preço do windows mais baixo e bilhetes dos jogos mais baratos;

-É indecente alguém ganhar tanto dinheiro ou seja a partir de X valor o que eles ganham deve ser devolvido à sociedade;

-Só não gostamos de ter menos do que eles.


A primeira ideia até é bonita, eu também gostava de um windows mais barato. Mas tenho boa solução, há produtos da concorrência que são mais baratos ou até de graça e com as mesmas funcionalidades! Não escolhemos também as torradeiras dentro da sua relação qualidade-preço? Façam o mesmo com os sistemas operativos! A Microsoft rapidamente entenderia e os preços cairiam a pique! É muito simples, se concordámos pagar um montante então devemos aceitar esse facto, independentemente de ser esse o valor do produto. Temos sempre a alternativa de não comprar. Ou de não ir aos jogos do Real Madrid.

A segunda ideia é na sua vertente mais extremista absolutamente absurda e de uma forma mais amena ridícula da mesma forma. Se pusermos um limite no que as pessoas podem ganhar estamos a ditar que qualquer trabalho a mais que façam é escravatura ou no mínimo inútil para eles. E eles teriam todo o gosto em deixar de o fazer. O Ronaldo só fazia bons jogos em dias alternados e o vosso adorado windows não faria metade do que precisam. Se nos referirmos a uma taxa mais pesada a partir de certo valor temos outros problemas. Em primeiro lugar estamos a apelar ao trabalho forçado, ou seja, imaginemos que é cobrado ao Ronaldo 50% do seu ordenado por ele ganhar o que ganha. 50% do tempo ele está a trabalhar para os outros sem compensação monetária ou outra. E o Bill Gates? Bem, o Bill faz algo muito simples, já que lhe cobram 50% dos seus lucros ele pode sempre aumentar o preço do Windows. E nós, recebendo parte do dinheiro que lhe custou a fazer teremos mais para o comprar mais caro. E voltaremos a ficar muito chateados por pagar muito pelo sistema operativo! A diferença é que houve um ciclo inútil no processo.

A última hipótese de raciocínio não cabe na cabeça de ninguém porque somos todos santos altruístas.


Eu tenho o hábito de comer no macdonalds uma vez por semana. Um dia fui tratado de forma muito insultuosa num dos restaurantes. Nunca mais lá voltei, mesmo sendo o mais perto de minha casa. Estúpido? Possivelmente, mais importante não lhes fará grande diferença, sou uma gota no oceano dos seus clientes. Mas é a minha forma de demonstrar o desagrado pelo seu produto, já que o atendimento é parte integrante deste. E se mais pessoas fizerem o mesmo, talvez aquele macdonalds entenda a ideia e arranje empregados que sabem contar dinheiro! Se não me seguirem, não fará diferença, demoro mais 2 minutos para comer os meus hamburgers e não me importo.


Nós, a grande massa consumidora dos grandes empresários, sejam eles magnatas da informática como o Steve Jobs ou artistas talentosos como os System of a Down, fartamo-nos de nos lamentar sobre como o dinheiro está mal distribuido por aquelas almas que por obra e graça divina lhes cai o dinheiro no colo. E a verdade é que é tão fácil alterar isso sem ter que pedinchar ao estado para os assaltar: Basta não comprar a porcaria que eles vendem.


Novembro 03 2009

"A society that puts equality before freedom will get neither. A society that puts freedom before equality will get a high degree of both."

-Milton Friedman

 

 

 

Se este texto parecer muito extenso leiam a frase acima e já estarão bastante melhor na vossa condição humana.

Ouvi a citação hoje no programa "Free to Choose" de 1980, o qual aconselho vivamente, e acabei a pensar no método que utilizamos nos países ditos "civilizados" pelos "humanistas" (o abuso nas aspas é propositado). O objectivo de melhorar as condições a cada um e equilibrar ao máximo a economia individual acaba por seguir sempre a regra do "tirar aos ricos para dar aos pobres". Robin Hood era motivado pelo mesmo lema, contudo o rico malvado protegido pela sua condição social não era obrigado a incorrer em serviço voluntário. E pelo caminho bastava-lhe taxar mais os pobres para reaver as perdas no saque. Já o mar de bondade governamental obriga qualquer um que não seja considerado necessitado a ajudar o próximo, em bastantes casos transformando o primeiro em pobre pelo caminho. E o método é tudo menos eficaz, tendo a criminalidade, pobreza extrema, praticamente qualquer número que possamos pensar o reflexo e prova do desgaste económico na transferência.

O efeito por vezes esquecido é que ao cortar pela raiz investimentos que se poderiam revelar proveitosos mas não o são devido ao excesso de taxas, burocracia e ajuda humanitária involuntária, a grande e sempre atenciosa sociedade acaba por gerar desemprego estável e consequentemente atirar mais indivíduos para o lado de baixo da estatística.

É também de notar que o "excesso de igualdade" tem um efeito nefasto na vontade própria. Posto de um modo muito simples, além do caso já mencionado em que o investidor não investe porque não tirará proveito algum, que proveito tira o desempregado em ir trabalhar quando recebe mais através dos subsídios e ainda tem tempo para ver o desportivo de Chaves a ganhar na RTP memória?

Concluindo, uma sociedade que põe a igualdade à frente da liberdade acaba por transformar os pobres em crianças sem ambição, a classe média em pobres, os ricos em menos ricos (excepto aqueles que abusam do sistema) e atiram a acção humanitária para um papel vergonhoso de ressentimento por todos pelo mal que traz. Quero

 

lá eu ajudar o próximo se não me deixam ajudar-me a mim mesmo primeiro!

 

Se deve haver segurança social? Sim, mas não pode ser um monstro enorme que dita que todos devem chegar à meta ao mesmo tempo, até porque existem metas diferentes na vida de cada um!

 

 


Setembro 01 2009

Taxes are complicated… So, tell them in terms they might understand,like beer drinking. Suppose that every day, ten men go out for beer and the bill for all ten comes to $100. If they paid their bill the way we pay our taxes, it would go something like this:

 

The first four men (the poorest) would pay nothing.

The fifth would pay $1.

The sixth would pay $3.

The seventh would pay $7.

The eighth would pay $12.

The ninth would pay $18.

The tenth man (the richest) would pay $59.

 

So, that’s what they decided to do. The ten men drank in the bar every day and seemed quite happy with the arrangement, until one day, the owner threw them a curve. ’Since you are all such good customers, he said, ‘I’m going to reduce the cost of your daily beer by $20.

 

Drinks for the ten now cost just $80.

 

The group still wanted to pay their bill the way we pay our taxes so the first four men were unaffected. They would still drink for free. But what about the other six men – the paying customers? How could they divide the $20 windfall so that everyone would get his ‘fair share?’ They realized that $20 divided by six is $3.33. But if they subtracted that from everybody’s share, then the fifth man and the sixth man would each end up being paid to drink his beer. So, the bar owner suggested that it would be fair to reduce each man’s bill by roughly the same amount, and he proceeded to work out the amounts each should pay. And so:

 

The fifth man, like the first four, now paid nothing (100% savings).

The sixth now paid $2 instead of $3 (33% savings).

The seventh now pay $5 instead of $7 (28% savings).

The eighth now paid $9 instead of $12 (25% savings).

The ninth now paid $14 instead of $18 (22% savings).

The tenth now paid $49 instead of $59 (16% savings).

 

Each of the six was better off than before. And the first four continued to drink for free. But once outside the restaurant, the men began to compare their savings.

 

‘I only got a dollar out of the $20,’declared the sixth man. He pointed to the tenth man,’ but he got $10!’ ‘Yeah, that’s right,’ exclaimed the fifth man. ‘I only saved a dollar, too. It’s unfair that he got ten times more than I!’ ‘That’s true!!’ shouted the seventh man. ‘Why should he get $10 back when I got only two? The wealthy get all the breaks!’ Wait a minute,’ yelled the first four men in unison. ‘We didn’t get anything at all. The system exploits the poor!’

 

The nine men surrounded the tenth and beat him up. The next night the tenth man didn’t show up for drinks, so the nine sat down and had beers without him. But when it came time to pay the bill, they discovered something important. They didn’t have enough money between all of them for even half of the bill! And that, boys and girls, journalists and college professors, is how our tax system works. The people who pay the highest taxes get the most benefit from a tax reduction. Tax them too much, attack them for being wealthy, and they just may not show up anymore. In fact, they might start drinking overseas where the atmosphere is somewhat friendlier.

 

Encontrado aqui.

publicado por Filipe Faria às 17:18

Agosto 22 2009

Este texto de Miguel Botelho Moniz revela o que já se sabia mas que é importante reforçar: em Portugal uma pequeníssima parte da população (15%)  paga 85% de todo o IRS, isto é, os que trabalham, os que não fogem aos impostos, os que decidem trabalhar de forma metódica no seu dia-a-dia, acabam por suportar financeiramente o resto da população. Atenção, não estamos a falar dos “ricos”, para além de serem uma ínfima minoria, esses vivem do rendimento de capitais e não necessariamente do rendimento sobre o trabalho. Como é mais fácil taxar o rendimento sobre o trabalho (porque se taxarem mais o rendimento de capitais eles vão-se embora do país), o que o governo português faz é desincentivar o trabalho e certificar-se de que ninguém fica rico a trabalhar. No fundo, o governo português confia que, ao contrário dos capitais, os trabalhadores portugueses escravizados não se vão embora por razões familiares e de pertença nacional. Desta forma, por cada português que se dedica ao trabalho, há x portugueses que vão à boleia do esforço profissional desse mesmo português altruísta.  Em suma, tal como os gráficos do texto supracitado mostram, em Portugal os ricos são tão ricos como na generalidade de outros países europeus; temos menos pobres do que outros países da União Europeia a 15, mas a classe média é das mais pobres de todos esses países. Porquê ?

 

Porque não é possível roubar aos ricos sabendo-se que são eles que têm mais capacidade para investir e criar riqueza para o país, como tal, rouba-se à classe média impedindo-a de ter capacidade para ela própria criar riqueza. Porque em Portugal há muito que se abandonou o princípio de que se deve tratar o igual como igual e o desigual como desigual.  Porque para manter o epíteto de país “socializante” esqueceu-se a noção de mérito passando a tratar-se os indivíduos como átomos despersonalizados que existem apenas e só para servir funções sociais proclamadas pelo estado.

 

Tem vontade de fazer algo? Esqueça, este não é o país das vontades individuais.

 

 

publicado por Filipe Faria às 17:08

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