O REPLICADOR

Novembro 14 2009

"Para quê educação se vamos ser todos soldados da Babilónia? Não é conhecimento que se quer mas dinheiro.
Lê: http://www.presseurop.eu/pt/content/arti

cle/137651-lyon-ano-zero-viva-autogestao "
Corina

 

Concordo com a auto-gestão das escolas no sentido em que quem monta uma escola tem a liberdade para definir as linhas orientadoras do processo de ensino. A liberdade de escolha passa precisamente pela liberdade de seguir por vias diferentes não impostas pelo Estado nas suas famosas soluções “one size fits it all”. Contudo, não concordo com estas ideias inspiradas nas ideias anarquistas de Bakunin e de outros similares. O fim da avaliação e das notas, a instauração da auto-avaliação por parte dos alunos e, a longo prazo, o fim de quaisquer regras que mostrem o mínimo de autoridade não são boas soluções e passo a explicar porquê: as instituições de ensino devem ter a liberdade de escolherem os seus métodos mas não se podem desligar de uma importante função da escola, que é a preparação para a vida em sociedade no mercado de trabalho. Nesse mercado o princípio não é a auto-avaliação e temos de estar constantemente a provar a validade do nosso trabalho a outros; ou seja, o ensino não pode ser um espaço onde só temos monólogos do género: “este trabalho está muito bom porque o meu EU diz-me que está”. Dito isto, concordo que, para além da liberdade de escolha no ensino e dos conhecimentos a apreender, devíamos ter métodos que estimulassem a geração de ideias e a criatividade (factores que neste ensino público massificado são cada vez mais esquecidos).

publicado por Filipe Faria às 11:31

Outubro 23 2009

Rita Rato, 26 anos, deputada na assembleia da república pelo partido comunista, licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa. Antes de mais comentários, aqui fica um excerto de uma entrevista que Rita deu ao correio da manhã há pouco tempo:

 

CM- Concorda com o modelo que está a ser seguido na China pelo PCC?

 

RR- Pessoalmente, não tenho que concordar nem discordar, não sou chinesa. Concordo com as linhas de desenvolvimento económico e social que o PCP traça para o nosso país. Nós não nos imiscuímos na vida interna dos outros partidos.

 

CM- Mas se falarmos de atropelos aos direitos humanos, e a China tem sido condenada, coloca-se essa não ingerência na vida dos outros partidos?

 

RR- Não sei que questão concreta dos direitos humanos...

 

CM- O facto de haver presos políticos.

 

RR- Não conheço essa realidade de uma forma que me permita afirmar alguma coisa.

 

CM- Mas isto é algo que costuma ser notícia nos jornais.

 

RR- De facto, não conheço a fundo essa situação de modo a dar uma opinião séria e fundamentada.

 

CM- No curso de Ciência Política e Relações Internacionais, não discutiu estas questões?

 

RR- Não, não abordámos isto.

 

CM- Como olha para os erros do passado cometidos por alguns partidos comunistas do Leste europeu?

 

RR- O PCP, depois do fim da URSS, fez um congresso extraordinário para analisar essa questão. Apesar dos erros cometidos, não se pode abafar os avanços económicos, sociais, culturais, políticos, que existiram na URSS.

 

CM- Houve experiências traumáticas...

 

RR- A avaliação que fazemos é que os erros que foram cometidos não podem apagar a grandeza do que foi feito de bom.

 

CM- Como encara os campos de trabalhos forçados, denominados gulags, nos quais morreram milhares de pessoas?

 

RR- Não sou capaz de lhe responder porque, em concreto, nunca estudei nem li nada sobre isso.

 

CM- Mas foi bem documentado...

 

RR- Por isso mesmo, admito que possa ter acontecido essa experiência.

 

CM- Mas não sentiu curiosidade em descobrir mais?

 

RR- Sim, mas sinto necessidade de saber mais sobre tanta outra coisa...

 

 

A ignorância revelada pela senhora tem colocado a qualidade do curso de CPRI da Universidade Nova nas bocas do mundo, como se pode aferir por comentários como os de André Azevedo Alves ou de Gabriel Silva. Esta é mais uma oportunidade para se debater e reflectir sobre o presente e o futuro do ensino superior público em Portugal. Consequentemente, este post fica ao cuidado do NECPRI.

 

publicado por Filipe Faria às 10:07

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