Em ciência política é comum tentar-se encontrar métodos para aferir a qualidade da democracia. Em boa parte destes métodos, a democracia encontra a sua plenitude quando as necessidades materiais das populações são satisfeitas pelo poder político, o que faz com que se encare o mercado como um elemento a ser domado por esse poder que foi investido da legitimidade democrática. Desta forma, numa democracia liberal, limitar o poder político democrático pode visto uma apologia do mercado como elemento democrático. Porém, a noção de que o mercado é um elemento que por si só é democrático raramente é aceite em teoria da democracia. Contudo, o mercado é não só um elemento democrático como o é muito mais do que o poder político alguma vez poderá ser.
Hans-Hermann Hoppe, no seu texto “On the Impossibility of Limited Government and the Prospects for a Second American Revolution”, mostra como só o mercado poderá ser verdadeiramente democrático. Como o acesso livre a cargos públicos através do sufrágio promove o sucesso político, apenas os que foram dotados de capacidades sociais (social skills), capacidade oratória, carisma, boa aparência, capacidade de representar, etc, estão aptos para atingir esses cargos e obterem poder. Da mesma forma, como estas características são distribuídas pelos humanos de forma desigual, apenas muito poucos na realidade estarão preparados para atingir o poder político pela via democrática. Por contraste, o mercado incorpora todo o tipo de qualidades distribuídas pelo espectro humano. Todas as características humanas têm o seu espaço para a sua rentabilização no mercado, sejam elas a simpatia, a destreza física, a intelectualidade ou o humor politicamente incorrecto. Esta possibilidade de cada um pegar nas suas características e poder participar no mercado produzindo riqueza para si mesmo é a via mais democrática ao dispor do Homem, a via que não obriga ninguém a ser nada em específico e que acomoda todas as necessidades e disposições.
Em suma, a plenitude da democracia não se encontra no poder político mas sim na liberdade económica. Como é óbvio, eu voto todos os dias e não apenas de quatro em quatro anos.