O REPLICADOR

Junho 02 2011

Escrevo este texto de forma a ser uma referência para todos aqueles que ainda me apoquentam com ideias de que a crise económica foi causada pelas políticas neoliberais. Espero no futuro poder enviar para aqui todos os que violarem algum dos sacramentos abaixo expostos. Não é uma exposição extensa de todos os argumentos errados que são ditos no dia-a-dia corrente nem mesmo uma explicação integra da escola austríaca para a crise que culminou em 2008 pela primeira vez (porque a bolha continua e há de voltar a rebentar).

 

1-      O que são os neoliberais?

Eu também não sei esta resposta e não há hipótese de ser esclarecido entretanto. Neoliberal é o termo dado à pessoa que promove o crescimento do sector bancário em detrimento do cidadão. É aquele que renega os interesses do indivíduo para os pôr no “mercado”, mercado esse que é constituído pela soma sinérgica da ganância de cada empresário.

Claro que liberal não é nada disto. Um liberal deseja acima de tudo a liberdade do indivíduo, tanto quanto a responsabilidade pelas suas acções e o seu direito à propriedade e inviolação desta. Isto é válido falemos do homem mais pobre do mundo ou do George Soros.

Para motivos de facilitação do discurso tomemos os liberais clássicos (como eu) por neoliberais, ou seja, faça-se essa confusão com o intuito de dar um mínimo de validade aos argumentos bacocos habituais.

 

2-      A culpa da crise é dos neoliberais!

Não e a razão é muito simples: os neoliberais não estavam lá sequer. Há duas versões habituais que apontam as culpas, ou para a reserva federal (como o caso de Krugman) ou para os banqueiros e especuladores (o caso dos políticos e cineastas).

No caso da reserva federal, a resposta para que a culpa não seja nossa é muito simples: não há um liberal que apoie a existência da reserva federal. A FED é um órgão com capacidade de emitir moeda (os liberais apoiam o ouro como moeda, não havendo nunca possibilidade de emitir ouro a partir do ar) e de emprestar essa moeda fiduciária a taxas de juro que pode alterar a seu prazer. Para um liberal, isso é inadmissível. A moeda tem que ser sempre acoplada a produção e sofrer alterações mínimas e esperáveis. No caso do dólar, euro e afins, cada vez que é imprimida mais uma nota esta vai diluir o valor de todas as outras, aumentando os preços. Mas quem recebe a nota primeiro ainda compra com os preços antigos. Isto prejudica tanto os empresários que não têm uma plataforma estável para calcular as despesas reais quanto as pessoas sujeitas a ordenados fixos (como os idosos na reforma) que passam a poder comprar menos com o rendimento fixo que têm.

No caso dos banqueiros e especuladores, este dedo difama os empréstimos maus que foram feitos, os chamados sub-prime, e que depois minaram todo o sistema. Os empréstimos sub-prime foram feitos em primeiro lugar porque a FED baixou a taxa de juro o suficiente para não haver risco para os bancos se meterem nestas aventuras. O governo americano chegou mesmo a encorajar os bancos a emprestar àqueles que não podiam pagar. Esses empréstimos sub-prime, tanto de bancos como de fundos de investimento, foram agregados e cortados e vários pacotes, os pacotes dos que recebiam primeiro e os pacotes dos que recebiam por último. Esses pacotes receberam classificações diferentes pelas agências de rating e assim os fundos de reforma e outros fundos mais conservadores que se preocupam principalmente com a segurança dos investimentos, seguiram a opinião das agências e compraram os primeiros, que tinham classificação AAA. Estamos a falar de empréstimos de pessoas que não tinham capacidade de pagar mas que ainda assim conseguiram a melhor classificação.

Obviamente que isto tinha que falhar. A culpa foi de quem? Dos especuladores? E que tal da reserva federal e das agências de rating? E as agências de rating não são sequer empresas privadas inquestionáveis, existe uma profunda intimidade entre estas e o governo americano, já que são mencionadas em leis que as tornam tanto imprescindíveis como insubstituíveis.

 

3-      A culpa é das agências de rating que “davam AAA a todos os títulos manhosos de hipotecas e imobiliário que alimentaram a bolha de especulação nos EUA, porque era isso que a grande finança queria, para ganhar mais e distribuir mais dividendos”.

Sim, não, por onde hei-de começar? A grande finança não existe, existem accionistas. E os accionistas não gostam de perder dinheiro. As agências de rating respondem ao governo dos EUA, não aos accionistas das empresas. E estes últimos fizeram o que fizeram (emprestar a torto e a direito) porque a outra hipótese era continuar a ver a FED a imprimir dinheiro enquanto eles ficavam de fora a ver os seus rendimentos a serem desvalorizados por decreto. As taxas de juro baixíssimas da FED significaram que quem “fosse no barco” teria altíssimos lucros e quem não fosse veria prejuízo pela desvalorização de capital. Assim a escolha foi muito fácil.

 

4-      A solução é gastar mais e salvar as estruturas (bailout)!

Não, obviamente que não. Graças a todos os empréstimos de dinheiro inexistente, existem muitos factores de produção que estão mal alocados, isto é, que não suprem uma necessidade dos consumidores. Estes investimentos têm que cair para que os seus factores sejam libertados para os investimentos que satisfaçam as necessidades das pessoas. E os bens têm que ser reequilibrados, isto é, os preços têm que ser reavaliados consoante a verdadeira procura e não a procura fruto do “expansionismo” da FED. Só quando os bens estiverem devidamente alocados e os preços reajustados à realidade económica actual se pode dizer que a economia tenha resumido a sua funcionalidade normal.

Gastar mais dinheiro significa perpetuar o desajuste, o mesmo são os bailouts. O desajuste entre o consumo e a produção mantem-se, os factores de produção estão mal alocados e a dívida destes países keynesianos e monetaristas tende a subir. O buraco continua-se a cavar até as pessoas se aperceberem. E na mesma comparação, quanto mais cedo se parar de cavar e começar a sair do buraco, melhor.

 

5-      A solução da crise é regular os mercados para que tal não aconteça!

É proibido copiar música e todos o fazem. Era proibido o aborto e também se abortava. É proibido roubar e há assaltos todos os dias, em Portugal a maioria nunca chega a tribunal. As regulações não funcionam e aumentam o gasto de recursos, quanto mais não seja em fiscalização. E foram por exemplo as regulações dos bancos impostas nos EUA que deram a origem aos fundos de investimento, pelo Krugman chamadas de “Instituições bancárias sombra”. Estas caiam fora da regulamentação e faziam o que queriam.

Além de que as regulações são feitas por políticos que a) não antevêem as necessidades futuras de mercado porque ninguém consegue; b) são tendenciosos para as empresas já instaladas, impedindo novas empresas de se juntarem e efectivamente criando monopólios; c) são ou têm capacidade ou tendência para serem corruptos.

Quando foi a última vez que mandaram um papel para o chão apesar de ser proibido?

 

6-      A dívida externa é um facto e a culpa dela aumentar é das agências de rating!

Como disse em 2, as agências de rating têm os seus problemas de falta de isolamento, têm uma ligação demasiado acentuada com os governos para se acreditar nelas. Mas a verdade é que muitos bacocos acreditam e como tal os outros também têm que estar à escuta para poderem antever as tendências de mercado.

A dívida externa é um facto mas não devia ser. Não faz o mínimo sentido um governo ter o poder de endividar os habitantes do seu país, exceptuando talvez um caso de calamidade nacional. Porquê? Esqueçamos a obrigação moral de não pedir dinheiro emprestado pelos outros e voltemo-nos para a conspurcação política que essa capacidade produz. Um governo de 4 anos tem todo o incentivo em pedir dinheiro emprestado enquanto pode para “mostrar obra”. Finda a governação vêm os impostos decorrentes do pagamento da dívida e esse antigo governo pode agora culpar o novo pela descida na qualidade de vida. Foi isto o que se passou em Portugal, durante anos se viveu acima das capacidades, endividando os trabalhadores futuros. Não se aceitaram os problemas da crise de 2008, apenas se cresceu a dívida com a fé de que se saltássemos esse período que tudo estaria bem. Não está, obviamente, porque continuamos com os problemas estruturais e agora somados a uma dívida que entre sector público e empresas públicas ascende a mais de 125% do PIB.

Espera-se que um país pague mais do que o que produz num ano? Se neste momento deixássemos de comer e gastar qualquer dinheiro apenas para mandar tudo para fora e pagar as dívidas, nem em Setembro de 2012 estávamos safos. As agências de rating mantiveram o nosso rating alto demasiado tempo. Neste momento, com toda a perda de credibilidade, vêem-se forçadas a baixar os ratings finalmente. Independentemente de as agências terem feito bem ou mal, a culpa da dívida é sempre nossa por termos pedido emprestado demasiado e durante demasiado tempo.

 

7-      Deixar os mercados â mercê vai levar a desemprego massivo!

Sim, momentâneo. Mas vai libertar esses desempregados e os recursos mal usados da empresa onde trabalhavam para que outras possam pegar neles. Estes novos empregados podem produzir algo de interesse e efectivamente aumentar a qualidade de vida geral. Perceba-se que emprego arranja-se facilmente, podemos pôr metade dos desempregados a cavar um buraco e a outra metade a tapá-lo. O problema é que a sociedade não fica mais rica por isso, fica mais pobre na medida em que os trabalhadores estão a gastar energia para nada. Por curiosidade, lembremo-nos da diferença entre a crise económica de 1920 que durou 1 ano sem o estado fazer nada e a crise de 1930 que, com intervenção estatal, se arrastou até…bem, até à 2ª guerra, não?

 

8-      Mas e os pobres?

Lembremo-nos do ónus que é a pobreza neste país. Decerto que um verdadeiro pobre prefere estar a ganhar menos que o salário mínimo e trabalhar para fazer a sociedade melhor e mais produtiva do que estar desempregado porque nenhum empregador tem trabalho que lhe possa oferecer que não dê prejuízo se lhe pagar o salário mínimo (mais subsídios de férias, natal, saúde, e todas as outras obrigações). Se continuarmos a política de redistribuição, minando todo o tecido produtivo, os pobres serão todos os que não têm cunhas no estado.

 

9-      E os direitos de Abril?

Nenhum direito é mais importante que o direito à liberdade e propriedade. Ponto final. Os direitos de Abril são invenções do socialismo que para ganharem o favor da maioria da população, concordam em expropriar os ricos, ou seja aqueles que por proporcionarem às pessoas aquilo que elas queriam conseguiram acumular riqueza, para dar aos pobres sem qualquer discriminação meritocrática. A igualdade de Abril não é igualdade de direitos, é igualdade de resultados.

 

 


Maio 08 2011

 

 

 

 

Deixem que vos explique alguns factos acerca deste vídeo. Poderíamos começar pela diferença entre voluntariado e democracia.

 

No voluntariado o benfeitor entrega uma soma de capital (seja monetária ou em géneros) de livre vontade. Ele escolhe fazê-lo e com isso sente-se bem, promovendo até, dizem, a libertação de endorfinas nos centros do prazer (posso estar a inventar mas pelo menos a minha experiência também é esta). Como num investimento, cabe ao descapitalizado a análise do seu investimento, nomeadamente as consequências deste, seja o bom ou mau uso da sua dádiva. No entanto é comum no voluntariado não receber dividendos excepto um sorriso ou um obrigado.

 

Na democracia temos um voluntariado forçado (embora a palavra voluntariado nem se aplique). Teremos uma maioria que aprova um pacote de bailout com uns quantos zeros e cada um, incluindo aqueles que não concordaram, metaforicamente dirige-se ao mealheiro e tira de lá uma nota para financiar os “pobres” (na prática o país endivida-se e vai lentamente espremendo o contribuinte pelo pagamento da soma). A comissão de extorsão então junta tudo e manda para o destino. Está então encarregue de ver os frutos do seu investimento e pode até receber dividendos já que falamos de um empréstimo. Mas não nos deixemos enganar, as comissões fazem um trabalho tão bom em ver para onde vai o dinheiro como os contribuintes individuais quando mandam uma lata de feijão para África. E no fim àqueles que aceitavam o voluntariado fica-lhes a saber a pouco enquanto os que não queriam dar o dinheiro ficam com um mau sabor na boca. Pelo menos foi o que me ficou a saber aquando dos bailouts da Grécia e Irlanda. Não é uma questão de estar cá para o próximo ou não, é se somos obrigados ou não a fazê-lo.

 

Agora falemos de propaganda estatal.

 

Porque foi gasto dinheiro nisto? Eu preferia que me tivessem pago um café! E não é um pouco duvidoso ser o estado a lançar um vídeo com a intenção de receber mais dinheiro para redistribuir (leia-se gastar)? Isto lembrou-me de há uns anos passar nos vários canais publicidade ao “cheque dentista” (uma invenção socratina que provou a inadequação do sistema médico público já agora), que deixou todos saberem que o PS se preocupava com os nossos dentes. Quando fiz uma viagem a Santiago de Compostela via também cartazes do “plano E”, outro plano de contornos duvidosos.

Não é novidade (até pode ser porque vejo uma estupidificação geral acerca deste vídeo) que os governos “querem aparecer”. Publicitar as grandes (pequenas) vitórias é infinitamente mais decisor na opinião geral do que dar uma longa e enfadonha lista de colossais derrotas e erros. E neste caso o vídeo bonito esconde vários problemas: Portugal está em dívida mas tem mais telemóveis que habitantes, omitem-se os vários contornos obscuros das nossas grandes conquistas (que não deixo aqui porque a informação está na internet e não sou nenhuma autoridade na matéria para não me acompanhar de referências que neste momento desconheço) e finalmente porque gastámos mais do que produzimos estamos a fazer chantagem emocional feito bebés com os finlandeses. A mesma chantagem que se faz com os ricos para eles subsidiarem os pobres já que os primeiros têm um dever de retribuir à sociedade (como se não o fizessem pelos serviços que proporcionam e pessoas que empregam), sem dúvida que os governos já sabem a lengalenga. E como os portugueses cá a engolem tão bem, talvez os finlandeses também o façam.

 

Rezem então, os que suportam que o governo se continue a endividar por nós, rezem para que os finlandeses caiam na “artimanha”.

 

 

Entretanto isto é o que os finlandeses deveriam realmente saber sobre Portugal (créditos a quem sejam devidos pelo grande filme):

 

 

 


Fevereiro 06 2010

É por oportunidades destas que um bloguista se sente impulsionado a continuar o seu trabalho! Parece que o meu último texto causou muito furor. Tanto que recebi três comentários de gratos leitores e que mereciam mais que uma resposta, mereciam um artigo integral:


Caro Tiago,

Curioso ver que no seu comentário não comenta a absorção de quase 50% do PIB pelo estado. Certamente que se este não cortasse o salário dos trabalhadores em dois seria mais simples ter poder de compra sem aumentar os fardos aos empresários, não? Também acho curioso que um empresário se veja face a enormes conflitos laborais para despedir um trabalhador ineficaz, reforça a noção numa empresa que não vale a pena trabalhar. O que um jovem da jcp percebe, ao contrário de mim que por sinal nem repito os 80% de esquerdistas e sindicalistas (sim, vós sois a mainstream, conformai-vos) é que se aumentarem os salários tudo melhora com o poder de compra. Mas os salários vêm da produtividade e sem esta aumentar então de onde virá o dinheiro?
-Imprime-se e criamos o Novo Zimbabwe?
-Roubamos aos empresários para eles não se interessarem em investir? Rapidamente deixará de ter um computador em que desenhar propostas-lei para salvaguardar os direitos dos trabalhadores e dos parasitas.
--Sim, roubar. Cobrar algum imposto para manutenção e o bem comum é aceitável, cobrar impostos aos ricos (a maioria dos quais trabalhou bastante para lá chegar) para dar aos pobres (a maioria dos quais se enterrou por políticas socialistas) é roubo legitimado por colarinho branco.

Será também importante realçar, e se quiser mais informação oiça atentamente o clip do youtube do mises institute uns posts abaixo deste, que no tempo em que não haviam máquinas para produzir mais havia, obviamente, menos e como tal era tudo mais caro. Se não havia incenso e especiarias para dividir por todos então nem todos podem ter, já pensou nisso? E já pensou que é preciso trabalhar para tudo ser produzido e para comprar tudo? Um emprego não tem um valor nato, tem o valor do que essa posição produz na sociedade. Se um homem produz uma música que é útil a milhões de pessoas acha mesmo que tem interesse em fazê-la para após colecta ganhar o mesmo que um homem que cola selos para as cartas seguirem no correio?

Por último, tenho que lhe apresentar a cruel realidade, a máquina de tachos é pública, é o estado. Porquê? Porque um empresário muito raramente põe numa posição da sua empresa alguém incapaz de colmatar ou exceder a demanda da mesma. E não mude de uma linguagem cordial para o "tu" no meio de um comentário, fá-lo parecer inapto com uma das grandes artes: a língua portuguesa.

Caro(a) Figueira,

Em primeiro peço imensa desculpa por não averiguar o seu género, dormi pouco e não estou com vontade de seguir links de momento para procurar a resposta à minha dúvida. Faço minhas as palavras do Filipe:

“[…]segundo instituições internacionais como a OCDE ou a Heritage Foundation, tem um dos códigos laborais mais rígidos do MUNDO (não apenas da Europa).”
“Em relação ao ordenado mínimo, saiba que países como a Alemanha não têm ordenado mínimo e não precisam dele para terem um bom nível de vida, porque ao contrário do que o esquerdismo que advoga gosta de fazer querer, os ordenados não sobem por decreto de lei, sobem sim pela criação de valor acrescentado.”

…e ponho aqui algumas das dirigidas ao Tiago. É verdade, trabalhar num posto de baixa qualificação é constrangedor, árduo, cansativo e a paga não é muito boa. Pior ainda é o investimento andar tão por baixo que não existam trabalhos de maior qualificação que permitam a uma pessoa encarar esses empregos de baixo ordenado como um comboio de passagem para uma posição melhor. Mas deixemo-nos de fantasias porque é verdade, não podemos pensar só no que poderia ser mas no que é neste momento. É uma pena que passar compras no lidl ou no continente seja um trabalho de ordenado baixo mas sejamos sensatos, qual é a preparação necessária para o executar? E qual é o grau de produtividade de uma caixa do lidl? Comparativamente à quantidade de stock (pessoas) para libertar, cada caixa despacha bastante devagar. Se calhar se só fossem precisas 3 pessoas nas caixas do hipermercado e fizessem o mesmo que as 15 ou 20 fazem neste momento, essas 3 fossem mais bem pagas, aí está, devido à sua produtividade. Encare como queira, as posições mais produtivas e com mais responsabilidade serão sempre melhor remuneradas, seja num regime liberal ou comunista. Parece um contra-senso mas imagine que obriga um cirurgião a reparar uma aorta a 50€ à hora. Sabe o que vai ouvir? Vai ouvir "não". Se aniquilar as diferenças de ordenado vai deitar por terra as diferenças de qualificação.

Mais uma vez, caro Tiago,

Um homem (ou mulher) tem direito à liberdade e à oportunidade de ser alguém. Pergunto-lhe desde quando isso passa por ter o resto da sociedade a limpar-lhe o rabo do berço à cova. Enxergue a falta de responsabilidade da população em geral por favor.
A cartelização e monopólio é consequência das leis estatais que impedem a concorrência livre. Se as empresas monopolistas se vissem face aos monstros estrangeiros talvez oferecessem negócios mais atractivos.

O Tiago fala na poupança das empresas para pagar salários maiores aos trabalhadores. Eu sou contra isso, os salários são proporcionais à produtividade e, fora ajustes inflacionários, devem ser alterados quando essa mesma produtividade sobe...ou desce. E os 25€ talvez sejam melhor empregues nas mãos do empresário porque este tem um poder que o cidadão comum está quase proibido pelo estado de ter: o de investir e criar emprego.


Mas quem sou eu, que sei eu. Sou só um estudante do ensino superior que vive nos subúrbios de Portugal e tem muita gente chegada a deparar-se com as crises de empregabilidade em Portugal e os fenómenos ocultos de gestão pública. Peço-lhe fervorosamente que não subestime a minha experiência com o sistema porque o que divulgo é a ponta do icebergue.

PS: Adorei a flor, alegrou-me o dia!


Novembro 03 2009

"A society that puts equality before freedom will get neither. A society that puts freedom before equality will get a high degree of both."

-Milton Friedman

 

 

 

Se este texto parecer muito extenso leiam a frase acima e já estarão bastante melhor na vossa condição humana.

Ouvi a citação hoje no programa "Free to Choose" de 1980, o qual aconselho vivamente, e acabei a pensar no método que utilizamos nos países ditos "civilizados" pelos "humanistas" (o abuso nas aspas é propositado). O objectivo de melhorar as condições a cada um e equilibrar ao máximo a economia individual acaba por seguir sempre a regra do "tirar aos ricos para dar aos pobres". Robin Hood era motivado pelo mesmo lema, contudo o rico malvado protegido pela sua condição social não era obrigado a incorrer em serviço voluntário. E pelo caminho bastava-lhe taxar mais os pobres para reaver as perdas no saque. Já o mar de bondade governamental obriga qualquer um que não seja considerado necessitado a ajudar o próximo, em bastantes casos transformando o primeiro em pobre pelo caminho. E o método é tudo menos eficaz, tendo a criminalidade, pobreza extrema, praticamente qualquer número que possamos pensar o reflexo e prova do desgaste económico na transferência.

O efeito por vezes esquecido é que ao cortar pela raiz investimentos que se poderiam revelar proveitosos mas não o são devido ao excesso de taxas, burocracia e ajuda humanitária involuntária, a grande e sempre atenciosa sociedade acaba por gerar desemprego estável e consequentemente atirar mais indivíduos para o lado de baixo da estatística.

É também de notar que o "excesso de igualdade" tem um efeito nefasto na vontade própria. Posto de um modo muito simples, além do caso já mencionado em que o investidor não investe porque não tirará proveito algum, que proveito tira o desempregado em ir trabalhar quando recebe mais através dos subsídios e ainda tem tempo para ver o desportivo de Chaves a ganhar na RTP memória?

Concluindo, uma sociedade que põe a igualdade à frente da liberdade acaba por transformar os pobres em crianças sem ambição, a classe média em pobres, os ricos em menos ricos (excepto aqueles que abusam do sistema) e atiram a acção humanitária para um papel vergonhoso de ressentimento por todos pelo mal que traz. Quero

 

lá eu ajudar o próximo se não me deixam ajudar-me a mim mesmo primeiro!

 

Se deve haver segurança social? Sim, mas não pode ser um monstro enorme que dita que todos devem chegar à meta ao mesmo tempo, até porque existem metas diferentes na vida de cada um!

 

 


Setembro 06 2009

O seguinte excerto foi retirado da caixa de comentários do post "A Escola como Infantário":

 

"Há 40 anos, Adérito Sousa Nunes descrevia Portugal como uma "sociedade dualista", nomeadamente para caracterizar a separação entre o fosso tradicional que existe entre a maioria dos portugueses da modernidade da pequena minoria privilegiada. Hoje, muita coisa não mudou..."
Corina

 

Se antes essa minoria privilegiada era aquela que podia ir à escola, hoje essa minoria é aquela que tem dinheiro suficiente para não precisar de frequentar a educação facilitista portuguesa. Numa sociedade onde a educação já não interessa porque o mérito e a exigência acabaram, só resta o poder do dinheiro (de quem já o tem) para vingar socialmente.

 

Como é costume, os efeitos das medidas socialistas têm um resultado perverso porque ignoram constantemente uma premissa muito básica: quando se busca a igualdade sem olhar a meios destrói-se qualquer possibilidade de liberdade.

 

publicado por Filipe Faria às 04:04

Julho 18 2009

Ler o artigo integral no "I"


 " Quando dizemos que alguém é liberal situamo-lo, quase sempre, no lado direito do espectro político. Mas isso é um erro de três pontos de vista: histórico, doutrinal e político."


"De um ponto de vista histórico, o liberalismo afirmou-se como a alternativa de esquerda a um conservadorismo mais ou menos reaccionário, mais ou menos saudoso da monarquia absoluta e do Antigo Regime."


"Note-se que este carácter progressista do liberalismo está ainda hoje presente em alguns países, sobretudo na América. Como aí nunca tiveram sucesso as ideias socialistas, ser de esquerda é ser liberal. Obama, por exemplo, é um liberal no sentido americano, ainda que moderado."


"O liberalismo bate-se pelas liberdades iguais para todos os cidadãos e pelo tratamento não discriminatório de grupos historicamente discriminados: as mulheres, as minorias religiosas, étnicas ou sexuais. Mas o liberalismo defende também, desde o século 19 e até aos nossos dias, uma maior igualdade em termos de oportunidades e da distribuição da riqueza. Foi assim com John Stuart Mill, no século 19, e assim continuou com John Rawls, no final do século 20."


"Mas preconizar o mercado livre não faz de ninguém um liberal. Se assim fosse, Pinochet e as autoridades chinesas seriam liberais distintos."


"Dito isto, não nego que possa existir, em tese, também um liberalismo de direita. No entanto, para ser consequente, esse liberalismo tem de defender a liberdade de cada um de fazer o que quiser consigo mesmo e com a sua propriedade, contra um Estado igualitarista, mas também contra um Estado conservador." 


publicado por Alexandre Oliveira às 10:15

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