O REPLICADOR

Fevereiro 28 2010

Um belo dia (era eu uma criança de 20 anos e ainda não percebia o suficiente sobre a vida) fui àquela loja verde e bege que vende livros, vi um best-seller do Paul Krugman intitulado “a consciência de um liberal” e pensei para mim “wow, não sabia que ele era liberal! Vamos adquirir esta obra com a intenção de promover o meu conhecimento político e económico!” (ou então foi mais simples o raciocínio mas a ideia é esta).

 

Todo contente fui contar aos meus muito frescos amigos neo-liberais, o Filipe. Passados cerca de 15 minutos ele deixou de se rir e ficou com um pouco de pena. Afinal “liberal” nos states não é o mesmo que por cá! Pelos vistos é uma espécie de socialismo de mercado livre, ou como se diz na gíria, “uma palhaçada”.

 

Eu fiquei muito preocupado, senti-me injustiçado e perante um problema que certamente assola milhares de pessoas diariamente, milhares de inocentes. Isto era claramente um trabalho para os capitães igualdade! Mas na minha maré de revolta decidi ajudar e preparei uma ideia, sabendo desde o princípio que os homens de fato (ou não) no parlamento são mais sapientes que eu e umas quantas décadas de engraxar sapatos dos superiores lhes deu um intelecto muito superior ao do comum mortal (daí que eles se sacrifiquem para nos governar).


A minha ideia é de criar um ministério para a estandardização de conceitos. O seu objectivo seria o de informar o público da definição de palavras importantes ou com muitas sílabas e trabalhar em conjunção com os ministérios equivalentes dos outros países, já que a ideia pegaria rapidamente em todos os países desenvolvidos – socialistas e sociais-democratas portanto – para homogeneizar os conceitos de modo a que dizer liberal em Portugal seja o mesmo que referir em Inglês noutra parte do mundo.


Claro que se põem logo graves problemas na consciencialização das massas. Estas resistem à mudança mesmo quando é tão obviamente benéfica! Então o ministério bla bla bla, chame-mos-lhe MEC imporia medidas como a proibição de utilizar mal os conceitos em edifícios públicos, sob pena de multa, beneces para os filantropos que eduquem as massas, acções de formação e, se necessário, uma brigada especial estandardizada que previna os erros conceituais. Finalmente a atribuição de subsídios aos mais prejudicados com as novas reformas, como as crianças que começaram a aprender ou estrangeiros que não possuem tanta prática com a língua, ajudaria a tapar o fosso entre os iluminados que usam os termos como deve ser e os pobres coitados que não têm como subir na vida…da língua.


É possível no entanto que no meio de tanta legislação comecem a aparecer buracos em que as facções de revolta se refugiam para dizer “direita” como “liberal, neo-liberal, apoiante do mercado livre” em vez de “tudo o que advoga menos estado que o partido socialista” entre outros termos “confusos”. A solução seria mais repress… mais colaboração das autoridades para educar estes focos de revolta e nova legislação para tapar os buracos da anterior, esta seria já à prova de tudo porque é notório que na evolução de um estado que quem quer não encontra refúgio numa cláusula feita para proteger aqueles que lidam com riscos acrescidos de cometer gafes, como por exemplo os legisladores.


IMG-PARLAMENTO

 

E assim poderemos caminhar para um mundo melhor!

publicado por João Rodrigo às 12:49

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